Studio Bros: “Sempre que houver oportunidade, levamos a bandeira de São Tomé e Príncipe connosco”

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Studio Bros: “Sempre que houver oportunidade, levamos a bandeira de São Tomé e Príncipe connosco”
Studio Bros: “Sempre que houver oportunidade, levamos a bandeira de São Tomé e Príncipe connosco”

A música faz parte da vida de ambos desde que se conhecem, quando ainda eram miúdos. Portugal é o berço onde nasceram, mais propriamente na Quinta do Mocho, em Sacavém, mas as origens são santomenses.

Os bairros sociais, muitas vezes apelidado de guetos, pelo próprios moradores é, na sua maior parte das vezes, uma incubadora de talentos. Onde a música partilhada de janela a janela se mistura com os cheiros das especiarias de cada país, uma viagem musical e gastronómica entre Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique, entre outros países lusófonos, que acabam por resultar numa festa comunitária em prol do bom ambiente no bairro.

E desses convívios, a música e dança são o maior veículo para a difusão da cultura, que começa dentro e se expande para fora, com vontade de alcançar meio mundo. Onde os talentos vão se mostrando e se descobrindo, onde a arte em si começa a fazer parte e torna-se necessária.

Assim nasce a dupla de DJs e produtores Studio Bros. Fábio Miguel é Famifox e Miguel Batista é Nunex. A música faz parte da vida de ambos desde que se conhecem, quando ainda eram miúdos. Portugal é o berço onde nasceram, mais propriamente na Quinta do Mocho, em Sacavém, mas as origens são santomenses.

 

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Que influência teve ou tem a Quinta do Mocho na vossa música?

O nosso bairro Quinta do Mocho, até hoje, é uma influência, acreditas ? Primeiro porque é um legado, representa a nossa história. “Duas crianças do bairro que cresceram juntas, onde a amizade e a paixão pela música em comum se transformou naquilo que é a essência das nossas vidas.” Basicamente é o que tu vês retratado no Lendario. Mas mais do que ser a nossa história, é tudo o que nós vivemos. Ouvir os cotas ou mesmo a malta a ouvir música super alta na janela, imagina, eu sou do terceiro andar e mesmo assim consigo sentir o teu balanço, e tu és do primeiro andar, entendes? Associado a isto, um bairro onde é predominante a cultura africana, quais são os ritmos a que ficamos expostos? Então é isso que nós criamos.

Tentamos sempre dar um pouco dos ritmos africanos às nossas faixas, até mesmo fazer-lhes tributo se possível. Porque foi isso que vivemos, todos os dias havia música no bairro. Então é um pouco por aí. E depois, sem esquecer que, temos outros artistas no bairro, por exemplo nosso bro DJ Firmeza, que sempre nos ensinou e acompanhou-nos, também é uma influência boa.

Falem um pouco do vosso EP Lendário e o que significou para vocês.

O EP Lendario que conta com 3 faixas, resultou da parceria com a discográfica TAR, e veio permitir que conseguíssemos destacar a nossa criação musical única e autêntica. Porém, a primeira faixa, homónima, é a que tem destaque, contando a nossa história, a nossa progressão. “Isto somos nós”, este é o nosso legado, é a nossa história.

Dentro dos bairros, as influências podem ser muitas, desde a música às pessoas. Quais as vossas influências musicais?

Vamos por partes: Firmeza, Marfox e Nervoso. Estes são os três nomes que, quando nós começamos, já estavam na luta, e foi com eles inclusive que aprendemos e temos a oportunidade ainda de partilhar experiências. A estes três nossos amigos tiramos o chapéu mesmo. Mas não invalida que até hoje não sejamos influenciados por outros artistas ou até mesmo coisas banais no dia a dia. Por exemplo, até esta pandemia tornou-se uma influência, e fez-nos criar dois temas. (risos) Sem contar a influência das músicas africanas consumidas pelos nossos familiares e afins.

Como santomenses, sentem que representam ou fazem questão de representar o vosso país?

Complicado. Há grandes nomes na música santomense. Mas o reconhecimento e a valorização é tão fraca pelos próprios santomenses que, vamos ser sinceros, antes era até desmotivador. É tão simples assim. És francês, jogas futebol. Não vais querer representar o teu país na seleção? É o mesmo entendes. No nosso caso com o tempo as coisas mudaram, até foi uma mudança recente, a tua música chega mais rápido e com mais facilidade às pessoas, e temos sentido carinho do povo santomense, então claro que isso faz-nos querer mais e mais e levar à frente São Tomé, e se for através da nossa música, melhor ainda. Portanto, sim, sempre que houver oportunidade, levamos a bandeira de São Tomé e Príncipe connosco.

Como é que podemos caracterizar a vossa música?

A nossa música nós descrevemos exactamente assim, é uma viagem de ritmos africanos clássicos com um toque de música electrónica à mistura, que pode ser consumida em qualquer ocasião da tua vida. E isso resulta assim numa espécie de sonoridade única dentro do género “Afro house”.

Como nasceu a parceria entre vocês e o Vila Tokes? Tendo em conta que “Taviibem” foi muito bem recebida nas noites africanas.

Esta parceria nasce após o lançamento do tema “Kapiro”, em que o grupo Vila Tokes já tinha a letra para a elaboração da música “Tavibem”, em 2017. Essa junção com o grupo angolano resultou mais tarde no lançamento do videoclipe Official. O “Kapiro” a nível de beat estava muito forte em Angola, e até hoje é bastante consumido, e o próprio tema “Taviibem” ajudou-nos a nos posicionarmos no mercado como DJs produtores.

“Puntada” já conta com mais de um milhão de visualizações e “Sabanaxua” está num bom caminho. Como acham que o público recebe as vossas músicas?

“Puntada” é e será o nosso bebé. Deu-nos valor no que diz respeito a fixar-nos no mercado. E claro que isso tem um sabor diferente, então atingir um milhão de views num ano… imagina o orgulho. Até porque no nosso meio é muito difícil que um afro house atinja esse tipo de views em um ano. Não é preciso dar exemplos, basta só fazermos uma pesquisa. O “Sabanaxua” mostra outro nível da nossa parte. Damos mais ênfase aos instrumentos em si. Graças a Deus, a malta recebe bem os nossos sons, aliás pedem-nos que soltemos inclusive mais e mais. O objectivo é esse, conseguir que a nossa música seja ouvida sem fronteiras e que chegue a todos.

O que podemos esperar mais? Ou o que já têm preparado para mostrar ao público?

O que nós garantimos é que nunca vamos parar. Posso te dizer que todos os dias produzimos, e só por aí já sabes que vem aí muita coisa boa. Desta vez queremos apostar mais em bons lançamentos, fazer as coisas bem para que chegue tudo direitinho até vocês. E sim já temos algumas faixas preparadas para o público, aliás temos sempre, daí que 80% dos nossos sets são músicas exclusivamente produzidas e feitas por nós.

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